Graci Sá

De Jovem para Jovem

Você é jovem, universitário, está na melhor fase da sua vida, acha que tudo é pra sempre, e sempre acha que está certo?

Eu também sou jovem, muito jovem, sei que não sei nada da vida, mas to querendo entender.

O que eu não consigo entender é por que a maioria dos jovens que estão na faculdade acham que suas vidas, seus corpos e sua mente, merecem tanto castigo quando o que eles os dão.

Certo dia, acompanhei uma competição um tanto quando estranha para mim, o que vi foram jovens entre 19 e 25 anos, se enchendo de uma droga,( sim o álcool é uma droga.)

- Droga segundo o dicionário é toda e qualquer Substância que pode modificar o estado de consciência. –

A troco de um título de o maior beberrão de todos os tempos.

Essa coisa de auto afirmação e competição é comum entre os jovens, mas pra mim, coisa inédita é a banalização da vontade de estar inserido nesse meio usando e fazendo qualquer artificio para isso, inclusive, participar de uma competição desse tipo.

Nós jovens precisamos nos sentir livres, claro. Para nós, o conhecimendo da liberdade cheira a livro novo, e o que mais queremos é desembrulhar e ler todas as suas páginas.

Mas me assusta a forma como muitos jovens de hoje encaram a sua liberdade.

Em dois anos de faculdade, eu estou cansada de ouvir as “resenhas” das festas nas segundas-feira. São sempre as mesmas estórias:

“- cara esse final de semana foi bom hem?, fomos pra festa, (que também são sempre as mesmas, mesmas bandas, mesmas musicas, mesmas pessoas). Eu bebi demais, tinha bebida de tudo quanto é jeito, misturei tudo e fiquei locasso, peguei aquela menina bonitinha e não lembro mais o resto.”

~FIM~

Mas o que mais me chama atenção é a felicidade, e o achismo de que a sua brilhante estória do seu brilhante final de semana foi inédita.

Por que o jovem usa seu corpo dessa maneira? Como se fosse uma caixa d’agua vazia que ele têm a obrigação de encher de tudo quanto é porcaria pra mostrar pro outro que ele tem conteúdo?

Por que é tão importante está sempre bêbado, sempre na balada, e sempre aparecendo para ser “reconhecido” e admirado?

a constituição biológica do jovem o predispõe aos efeitos de euforia do álcool. Socialmente, o jovem tem uma preocupação em se autoafirmar. Em se achar indestrutível.

Quando eu olho para essa geração que é a minha, me angustio, e me pergunto o quanto ainda pode piorar.

Os números que muitas vezes so esbarram por nós, passam despercebidos. E não percebemos a verdadeira dimensão que eles representam.

o consumo de álcool por adolescentes de 12 a 17 anos já atinge 54% e desses, 7% já apresentam dependência. entre jovens de 18 a 24 anos, 78% já fizeram uso da substância e 19% deles são dependentes.

Esse levantamento foi realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) e pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), em 2004.

Se assustou com os números? Provavelmente você deve ter pensando que é pouco,mas infelizmente não é, 19% entre 18 a 24 anos, numa população jovem como a brasileira não é pouco.

Mas ainda há um ponto muito forte nesse assunto, os acidentes, as mortes as vidas interrompidas por uma atitude que poderia ter mudado uma história.

Eu sei que esse assunto é mais do que discutido na sociedade atualmente, mas é algo que por mais que seja discutido falado ou mostrado, nunca sessa. É como um câncer que nasce em vários lugares ao mesmo tempo.

Quarenta mil pessoas morrem por ano em acidentes de trânsito no Brasil. A maioria das vítimas é homem e tem idade entre 20 e 39 anos. Entre os fatores que levam a estas estatísticas, a combinação mais perigosa de todas: álcool, direção.

Vi um depoimento de um jovem no Porgrama da Ana Maria de 20 de Agosto desse ano, ele perdeu a mãe e a irmã em um acidente causado por alguém que talvez estivesse numa daquelas festas, misturando tudo e ficando locasso.

Esse jovem pra mim, é muito corajoso, ele enfrentou a dor da perda e foi mostrar uma verdade que muita gente prefere esconder.